A história da excomunhão das pessoas que viabilizaram o aborto feito em uma criança vítima de estupro rendeu uma série de 10 estrofes a um poeta chamado Miguezim de Princesa. Não o conheço, mas aproveito para dar os parabéns ao autor dos versos que seguem descritos abaixo:
A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA/Miguezim de Princesa/
*Peço à musa do improviso
*Que me dê inspiração,
*Ciência e sabedoria,
*Inteligência e razão,
*Peço que Deus que me proteja
*Para falar de uma igreja
*Que comete aberração.
*Pelas fogueiras que arderam
*No tempo da Inquisição,
*Pelas mulheres queimadas
*Sem apelo ou compaixão,
*Pensava que o Vaticano
*Tinha mudado de plano,
*Abolido a excomunhão.
*Mas o bispo Dom José
,*Um homem conservador,
*Tratou com impiedade
*A vítima de um estuprador,
*Massacrada e abusada,
*Sofrida e violentada,
*Sem futuro e sem amor.
*Depois que houve o estupro,
*A menina engravidou.
*Ela só tem nove anos,
*A Justiça autorizou
*Que a criança abortasse
*Antes que a vida brotasse
*Um fruto do desamor.
*O aborto, já previsto
*Na nossa legislação,
*Teve o apoio declarado
*Do ministro Temporão,
*Que é médico bom e zeloso,
*E mostrou ser corajoso
*Ao enfrentar a questão.
*Além de excomungar
*O ministro Temporão,
*Dom José excomungou
*Da menina, sem razão,
*A mãe, a vó e a tia
*E se brincar puniria
*Até a quarta geração.
*É esquisito que a igreja,
*Que tanto prega o perdão,
*Resolva excomungar médicos
*Que cumpriram sua missão
*E num beco sem saída
*Livraram uma pobre vida
*Do fel da desilusão.
*Mas o mundo está virado
*E cheio de desatinos:
*Missa virou presepada,
*Tem dança até do pepino,
*Padre que usa bermuda,
*Deixando mulher buchuda
*E bolindo com os meninos.
*Milhões morrendo de Aids:
*É grande a devastação,
*Mas a igreja acha bom
*Furunfar sem proteção
*E o padre prega na missa
*Que camisinha na lingüiça
*É uma coisa do Cão.
*E esta quem me contou
*Foi Lima do Camarão:
*Dom José excomungou
*A equipe de plantão,
*A família da menina
*E o ministro Temporão,
*Mas para o estuprador,
*Que por certo perdoou,
*O arcebispo reservou
* A vaga de sacristão.
Enviada pelo poeta repentista Vicente Campos