quarta-feira, 31 de março de 2010

Preso acusado de roubo, denuncia policiais militares por crime de tortura em Patos. Veja as imagens!


O mototaxista Gilmar Clementino Mamede, 23 anos, preso no último dia 17, sob acusação de ter roubado um posto de combustíveis na cidade de Patos, está acusando policiais militares, de o terem torturado quando este fora preso. A entrevista exclusiva foi concedida ao repórter Fábio Diniz, no Programa Cidade em Debate da Rádio 102 FM.

De acordo com relatos da vítima, os policiais iniciaram as sessões de espancamento desde quando o abordaram no Campestre Clube, local da prisão. "Mandaram eu descer da moto e me espancaram e deram choques elétricos. E ainda me obrigaram a dizer que as marcas eram por conta de uma queda de moto", relatou ele que está internado no Hospital Regional de Patos Dep. Janduhy Carneiro.

Gilmar contou que em nenhum momento caiu da moto com seu amigo, apenas foi abordado e parou a motocicleta. Ele disse que foi torturado também dentro da Delegacia Civil por policiais militares e lá as sessões de espancamento na cela continuaram com mais agressividade.

A vítima que tem diversas marcas de espancamento pelo corpo, disse que não sabia dizer o nome dos policiais por que não os conhece, mas que poderia reconhecê-los se visse o rosto. Gilmar disse que não lembra quantos policiais estavam no momento da prisão.

De acordo com o irmão da vítima, José Nilson, ele viu seu irmão no dia da prisão na delegacia e Gilmar não estava com marcas no corpo. No dia seguinte, o seu irmão estava todo marcado com hematomas por todo o corpo. "Fiquei transtornado quando vi meu irmão daquele jeito e desconfiei logo que existia algo de errado".

José Nilson disse que procurou vários advogados que não se prontificaram a ajudar e investigar o caso. "Procurei o advogado Maurício Alves que disse que ia nos ajudar e pegar a causa. Confio na competência dele que já começou a agir", relatou ele.

Gilmar ficou com hematomas por todo o corpo. José Nilson disse que viu quando seu irmão estava na delegacia no momento da prisão e ele não estava com os hematomas, no entanto, não sabe dizer quem teria batido nele a ponto de causar traumas graves.

Da delegacia, Gilmar foi transferido para o Presídio Regional de Patos Romero Nóbrega. Chegando lá a direção do presídio não aceitou receber o acusado sem que fosse feito um exame de corpo delito.

De acordo com Gilmar, ao ser levado para o Hospital para realização do exame, os policiais o obrigaram a dizer aos médicos que os hematomas eram por conta da queda da moto.

O advogado Maurício Alves entrou com o pedido junto ao juiz da 1ª Vara das Execuções Penais, Ramonilson Alves, que determinou a internação imediata do acusado quando tomou conhecimento do seu quadro clínico. Gilmar foi atendido nesta segunda-feira. "Foram mais de 10 dias no presídio sofrendo com os hematomas sem que nada fosse feito", comentou Maurício.

Até a manhã desta terça-feira(30), Gilmar continuava internado e deveria passar por cirurgia no pé devido as gravidades dos ferimentos. Os médicos não informaram o estado clínico da vítima.

Advogado diz que caso merece apuração e justiça

"Revoltante. Estou indignado com este caso". Foram com estas palavras que o advogado Mauricio Alves expressou a sua opinião sobre o caso envolvendo seu cliente Gilmar Mamede. De acordo com Maurício, ao ser procurado pela família na fila de um banco, e ao ver as fotos da vítima, não poderia se furtar de acompanhar este caso que merece apuração e justiça.

Maurício disse que a família está bastante abalada e por ser humilde, teme represálias. "Chegamos ao absurdo de ver as próprias vítimas serem ameaçadas. Não podemos nos calar diante de um crime deste. Este rapaz foi barbaramente espancado, humilhado, e forçado a dizer que caiu da moto", disse Alves.

De acordo com o advogado, a Ordem dos Advogados do Brasil, já tomou conhecimento do caso e vai acompanhá-lo através da Comissão dos Direitos Humanos. "Vou entrar com um pedido para que o Ministério Público apure o caso e ainda comunicar o fato ao deputado Rodrigo Soares, presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa".

Alves cobrou que seja aberto um procedimento especial por parte do comando da Polícia Militar, através do tenente coronel José Carlos, e do delegado Regional, Manoel Luiz, para que tudo seja esclarecido e os responsáveis sejam punidos, além de pedir providências ao secretário de Segurança Pública Gustavo Gominho.

Maurício disse que acredita na seriedade da Justiça e de todas as instituições envolvidas. "Queremos que os nomes sejam descobertos. Não estamos aqui acusando ninguém sem que tudo seja devidamente apurado para sabermos de fato onde, quando e quem espancou Gilmar. Vou pedir a sua liberdade provisória já que meu cliente não foi preso em flagrante".

Nossa reportagem procurou o comando da Polícia Militar, mas fomos informados que o comandante não se encontrava no momento. Nossa redação continua aberta para tais esclarecimentos sejam feitos pelos órgãos envolvidos.

OAB Patos repudia ato de tortura

O advogado Maurício Alves procurou o juiz das execuções penais, Ramonilson Alves e o presidente da OAB, secção Patos, Alexandre Nunes, que repudiaram a ação explícita de tortura. Segundo Alexandre, o estado democrático de direito não admite o crime de tortura.

Alexandre disse que a OAB nomeará o advogado da Comissão dos Direitos Humanos, Abraão Teixeira Jr., para acompanhar o caso e que espera investigação do Ministério Público e de todos os envolvidos. "Este rapaz foi vítima de um crime bárbaro, imprescritível segundo a lei. Crime praticado apenas nos porões da ditadura militar. E o pior não foi a tortura física, mas sim a moral e psíquica, que não haverá reparos jamais na sua vida".

Alexandre disse ainda que crimes como este não podem ficar na impunidade e sociedade não pode admitir.

O assalto

O posto de combustíveis Belo Horizonte foi assaltado na tarde da quarta-feira, 17, por volta das 15h50. Foram acusados de terem praticado o assalto, Gilmar e Thalison Renan Oliveira Rodrigues, 19, ambos residentes no Jatobá.

Segundo a polícia, os dois estavam no veículo do mototaxista, uma moto Honda preta placa MNT 3551. Eles chegaram ao posto para abastecer. Depois o mototaxista sacou de um revólver calibre 38 e obrigou um dos frentistas a passar a pochete, que continha R$ 600,00. Em seguida fugiram em direção ao Campestre Clube.

Quando passaram pela passagem molhada do Campestre uma viatura da PM, que já estava no local tentando capturar o autor de disparos de arma de fogo na Rua do Meio, já de posse de informações sobre os acusados do assalto ao posto, interceptou a dupla.

Eles foram levados, segundo a polícia militar, direto para a 5ª Delegacia Regional de Polícia Civil, onde foi lavrada a prisão.

Com Gilmar e Thalison, segundo a polícia, foram apreendidos três aparelhos de telefone celular, o dinheiro do assalto, o revólver com seis munições intactas e várias peças de roupa oriundas de outro assalto da dupla à loja Ideal Modas, em Patos, de onde levaram, além de roupas, R$ 97,00. Os dois teriam sido reconhecidos pelas vítimas.

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Vicente Conserva/ Portal HoraExata

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