quarta-feira, 6 de maio de 2009


Está contida na natureza de homens simples a maior manifestação de saber. São personagens dotados de criatividade que conseguem surpreender a cada momento, provocando a sensibilidade das pessoas no âmbito da satisfação e fincando os seus nomes no rol dos inesquecíveis.

Antônio Batista da Silva ou, simplesmente, Antônio Tranca Rua, nasceu aos 06 de junho de 1916, no município de Serra Negra do Norte. Na companhia dos pais, Izidro Batista da Silva e Maria da Conceição, veio tentar a sorte na cidade de Patos, fugindo, segundo ele, das palmatórias utilizadas por sua professora.

Viveu como analfabeto, mantido pela inteligência que trouxe do berço e acabou se transformando em uma das principais figuras folclóricas de toda a região sertaneja. Sempre definia sua personalidade em uma frase: “Existem formados mais burros do que eu. São aqueles que nem cavam e nem botam terra”.

A grande fama de Tranca Rua residia no raciocínio rápido, capaz de responder à altura todo e qualquer questionamento, não perdendo uma só parada.

Chegou a defender as Forças Armadas, quando o Estado de São Paulo quis declarar independência do resto do Brasil e, na condição de integrante do Exército, por pouco não teve que ir aos combates da II Guerra Mundial. Acrescenta, porém, que o cargo mais importante que veio a assumir, foi o de soldado da Polícia Militar do Estado da Paraíba. Relembrava sempre a frase mais citada durante esse período, como sendo, “esteja preso, cabra safado!”. Mais tarde abandonou a farda para trabalhar na construção de estradas e barragens.

Sua convivência matrimonial de muitos anos, tendo como companheira Neuza Nunes, não lhe deixou saudade. Também afirmava que não chegou a ser “Seu Antônio” por conta do vício da cachaça. Bebia sem controle, começando cedo para terminar tarde. “Enquanto o dono da bodega não fechava o estabelecimento eu estava em frente ao balcão, tomando umas e outras”, acrescentava.
Fã número 1 dos repentistas: Pinto do Monteiro e Irmãos Batista, o nome em destaque sempre primou pela etiqueta, tendo como preferência as roupas brancas em puro linho, confeccionadas pelo alfaiate Chiru. Era também apaixonado pela rua do Prado.

O Título de Cidadão Patoense lhe foi outorgado pela Câmara Municipal, através de Ante-Projeto que teve a autoria do Vereador Cláudio de Sousa Barreto, cuja lei foi sancionada pelo então prefeito Dinaldo Medeiros Wanderley.

Com o avançar da idade e sem a existência de parentes próximos, Antônio Tranca Rua passou a residir no abrigo dos velhos, localizado no bairro de São Sebastião, onde permaneceu por quase quatro anos, acometido de alguns males que aos poucos foram lhe tirando o prazer de viver. Na referida época, resumia o seu drama em confronto com o espaço ocupado na seguinte declaração: “à força eu tomo até cristé de pimenta. Este lugar é igual à feira de Caruaru, pois quando não é doido, é cego ou aleijado”.

Era forte na concepção própria de afirmar que não existiam amigos terrenos, já que para ele as pessoas eram, no máximo, bons conhecidos. Com relação à figura que mais admirava em Patos, Tranca Rua sempre citava o Monsenhor Luís Laíres da Nóbrega e como exemplo maior de seriedade o ex-deputado José Afonso Gayoso.

Antônio Tranca Rua viveu seus últimos dias na cidade de Catingueira, amparado pelo então prefeito Dão de Candu e morreu em 22 de julho de 2002 aos 86 anos de idade. Seu sepultamento aconteceu na terra do Poeta

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