"Desde 1982, sou funcionária da Prefeitura Municipal de Emas, na função de Professora. Nesse ínterim, já exerci vários cargos dentro da Secretaria Municipal de Educação, o que me fez acumular uma vasta experiência.
Em 2005, concluí minha graduação em Pedagogia na Faculdade Integrada de Patos (FIP) , a custo de muito sacrifício, com o objetivo de ajudar o município, tendo em vista a carência total de profissionais nessa área. Daí ter continuado minha capacitação, fazendo o Curso de Especialização em Psicopedagogia e outros.
Foi muito oportuno ter participado do Concurso Público Municipal ( Edital Nº 01/2008), com o fim de atuar na minha área de formação e foi muito prazeroso ter sido aprovada. No entanto, fui notificada pela Prefeitura para fazer opção por um dos cargos, alegando acúmulo de função, fato que vai de encontro ao que diz a Lei, que permite que o profissional do magistério possa acumular cargos, desde que não haja incompatibilidade de horários.
Lotada na zona urbana, fui transferida, à revelia, sem nenhuma justificativa plausível, para trabalhar na zona rural, o que caracteriza, claramente, perseguição política, já que sou do partido opositor à gestão atual. Além do mais, segundo orientações da Secretária Municipal de Educação, o transporte que me conduziria à zona rural seria uma moto, modelo BIZ. Embora não me opondo a desenvolver meu trabalho na zona rural, questionei a legalidade e a falta de segurança do transporte, no que a secretária argumentou que os alunos não podem ser transportados por motos, mas os professores, sim. Retruquei, pedindo que ela me mostrasse a lei que faz referência a esse fato, o que deixou a secretária visivelmente irritada, mandando que eu me retirasse do seu gabinete, pois a ela caberia tomar as decisões.
É de conhecimento de toda a população, a quantidade de carros disponíveis, no pátio da Prefeitura, à disposição dessa Secretaria, o que, mais uma vez, deixa claro a perseguição política. É de se esperar que um profissional de educação tenha claro que a educação deve estar presente em todas as instituições e, principalmente, no âmbito de uma secretaria de educação.
É preciso estar claro que quem trabalha com educação deve ver a escola como um “espaço de transmissão sistemática do saber historicamente acumulado pela sociedade, com o objetivo de formar os indivíduos, capacitando-os a participar como agentes na construção dessa sociedade” (RIOS, 2006, p.34).
É necessário que o poder não se apresente “apenas como capacidade de influência, mas como possibilidade de escolha, de definição entre alternativas de ação”, pois, como bem afirma a mesma autora, citando (Heller, 1982, p.55), “tomar partido significa não ficar indiferente em face das alternativas sociais, mas participar e produzir em relação com toda a vida social e civil”.
É preciso, portanto, ter competência para falar e saber fazer bem, assim como saber conviver com as diferenças, o grande diferencial de todos os gestores deste século. Essa deve ser, na minha opinião, a postura de um educador, que precisa ter uma compreensão mais ampla das relações entre escola e sociedade.
A postura da senhora Secretária Municipal de Educação vai de encontro a todas as teorias modernas dos maiores especialistas em educação neste país.
Deixo aqui, portanto, o meu repúdio à atitude da Secretária e o convite a um caráter ético de reflexão, afinal, uma atitude de desconsideração das normas, faz com que se perca o sentido de um trabalho competente e eficaz. Com essa postura, a secretária inibe o trabalho de um profissional de educação formado e tão necessário ao desenvolvimento de um município carente de profissionais qualificados."
Emas, 23 de outubro de 2009.
Soneide Freitas de Oliveira Morais -Professora
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